Vídeo arrepiante mostra o estrago que uma pilha pode fazer ao ser engolida por criança
Médicos britânicos alertam para o risco de crianças ingerirem as pilhas circulares e pequenas usadas em muitos aparelhos electrónicos e brinquedos, também conhecidas como bateria ou pilha botão.
Uma vez engolida, a bateria pode ficar presa no esófago e, por causa de uma reação química, perfurar o tecido do canal, que faz parte da ligação entre a boca e o estômago.
Um teste em vídeo feito pela BBC – usando baterias, fatias de presunto e água – mostrou o efeito corrosivo que o contato do material com líquidos, como a saliva, pode causar nas mucosas do corpo.
O Hospital Great Ormond Street, em Londres, relatou um grande aumento de casos assim no último ano. “Essas baterias deveriam ser tratadas como veneno e mantidas fora do alcance de crianças”, disse a cirurgiã pediátrica Kate Cross
Valeria, de 3 anos, ficou doente de forma repentina em abril de 2015 – entre outras coisas, passou a recusar comida. Após cinco dias assim, ela foi submetida a um raio-x, que mostrou a causa do problema: uma pilha de relógio presa no esôfago.
A essa altura, porém, a pilha já tinha perfurado o esôfago e a traqueia, causando um dano permanente na garganta da menina.
Valeria ficou nove meses internada e passou por várias cirurgias, inclusive para remover parte do esôfago. Até hoje ela precisa voltar com frequência ao Great Ormond Street para se tratar.
“Como agora ela não consegue comer nem beber nada direito, os médicos fizeram um furo em seu pescoço e colocaram uma sonda ligada a um saco coletor para que toda saliva e qualquer coisa que ela beba vá direto para ele”, disse sua mãe, Jelena.
“Sem isso, a água iria para em seus pulmões, o que pode ser muito perigoso. De certa forma, ela é uma menina normal de 3 anos, mas ainda precisa de muitas cirurgias para se recuperar totalmente.”
Os médicos planeiam usar um suporte de metal no que resta de seu esófago e estudam elevar o seu estômago até a altura do peito para criar um novo canal que transporte a comida.
O hospital Great Ormond Street diz que, há uma década, casos assim eram raros, mas aumentaram de forma drástica recentemente – hoje, os médicos atendem em média uma criança por mês.
“Quando a mucosa do esôfago envolve a bateria, isso cria um circuito elétrico e a bateria começa a funcionar, liberando uma substância alcalina semelhante à soda cáustica, que pode corroer a parede que separa o esôfago e a traqueia“, disse Cross.
A médica explica que, se a bateria está em outra posição, ela pode corroer os tecidos até atingir a aorta, uma artéria muito importante, e causar uma hemorragia.
“Já houve casos de crianças que morreram assim no Reino Unido. Por isso, temos que divulgar esse alerta ao máximo para os pais e outros profissionais de saúde, porque, em casos assim, é preciso correr contra o tempo para salvar o paciente.”
Catharina Santos, de 18 meses, engoliu uma pilha que tirou de uma balança usada no banheiro de sua casa em Surrey, na Inglaterra.
“Quando vi que tinha removido a pilha, levei-a para o hospital imediatamente”, disse sua mãe Jessika.
Os médicos removeram a bateria três horas depois, mas ela já havia perfurado a traqueia. Catharina está sendo alimentada por sonda e terá de passar por uma cirurgia complexa para reparar o dano.
“Meu recado para os outros pais é que se assegurem de que essas baterias ou outros itens que contenham as mesmas substâncias sejam mantidos longe das crianças”, afirmou a mãe.
Outros hospitais pediátricos britânicos em Birmingham, Sheffield e Manchester também estão buscando consciencializar as famílias sobre os perigos da ingestão dessas baterias após verificarem um aumento no número de ocorrências.
“Também tivemos casos de crianças que as colocaram no nariz, o que levou a consequências terríveis, como a perfuração do septo nasal, e na orelha, causando inflamação grave”, disse Ray Clarke, cirurgião do Hospital Pediátrico Alder Hey, em Liverpool.
Katrina Philips, presidente da Fundação de Prevenção de Acidentes Infantis, lembrou que essas baterias são muito comuns nos lares do país e usadas em produtos voltados para crianças.
“Mas poucos pais têm consciência do perigo que representam, especialmente aquelas que contêm lítio”, disse Philips.
“Queremos unir forças para que a indústria de baterias faça campanhas de conscientização e ajudem a manter as crianças seguras.”
Em 2014, engenheiros americanos desenvolveram baterias que só conduzem eletricidade quando são pressionadas ao serem colocadas em compartimentos específicos. A tecnologia, porém, ainda não foi incorporada por fabricantes.
A Associação Britânica e Irlandesa de Baterias Portáteis disse estar estudando esse novo design e que “leva muito a sério a segurança de consumidores”, acrescentando que as baterias vêm com alertas e que sua embalagem é feita para impedir seu manuseio por crianças.
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