A ordem dos nascimentos determina a personalidade? A ciência diz que sim. Tendência para o sucesso ou para a comédia, capacidades sociais e desportivas são só alguns exemplos das variáveis que podem ser influenciadas pela ordem em que nascemos.
O tema é pouco consensual entre os que os estudam mas o psicólogo Joseph Burgo parece ter conseguido agora concluir que existe uma relação entre a ordem em que nascemos e a nossa autoestima. Num vídeo da Business Insider veio dizer que os primeiros filhos, porque têm mais oportunidades para passar tempo a olhar para as suas mães e a reforçar a relação, terão mais autoestima e tendência para o sucesso enquanto os mais novos, sobretudo nas famílias maiores, “tendem a perder-se e a passar o resto das suas vidas a sentirem-se perdidos à procura de algum sentido para as suas vidas”.
O que diz o psicólogo, e autor do livro Porque é que fazemos isso?: Mecanismos de defesa psicológica e as formas como eles influenciam a nossa vida, é que os filhos mais novos sentem, mesmo que inconscientemente, que a competição pela atenção dos pais é demasiado forte e, por isso, desistem de tentar.
Embora se possam estabelecer teorias, no limite nada é generalizável. É possível ser o irmão mais novo e ser dono de uma grande empresa, por exemplo, ou quem sabe, ser o Cristiano Ronaldo, o mais novo de quatro filhos, e um dos portugueses mais rico e bem sucedido do mundo.
Uma das teorias é a de que todos os filhos lutam pela atenção dos pais mas de formas diferentes mediante os mecanismos e ferramentas que melhor dominam. Uns são atores, outros alunos brilhantes, outros atletas medalhados e a isso se chama de síndrome “Royal Tenenbaums”, com base no filme de 2001 com esse nome.
Ou seja, o futuro de uma pessoa não é determinado à nascença e nunca saberemos, de facto, qual o seu impacto na vida de cada um, mas existem algumas tendências que tentámos reunir:
Os irmãos mais velhos tendem a ter…
… um QI mais elevado
Começam por poder provar o seu valor desde cedo, enquanto ainda não existe qualquer competição familiar. Além de tenderem a ter melhores notas na escola, também têm maiores probabilidades de vir a ser autodisciplinados e de ter um QI mais elevado do que o dos seus irmãos mais novos. As razões prendem-se sobretudo com a tendência que os pais têm para ser mais restritos com os mais velhos. No caso das meninas, a tendência ainda é mais exponenciada. As mulheres que foram as primeiras a nascer acabam por ser 13% mais ambiciosas do que os homens que foram os primeiros a nascer.
… maior sucesso profissional
Há duas razões que explicam esta tendência: o facto de os pais serem mais exigentes, preocupados e dedicados e o facto de nascerem num mundo de adultos mais inteligentes que eles e em que a melhor forma de impressionar é ter boas notas e atingir os sucessos mais convencionais. As avaliações feitas pelos pais no National Longitudinal Survey of Youth de 1979 demonstraram que a maioria das mães tende a apontar o seu filho mais velhos como aquele que considera ter mais potencial para atingir grandes sucessos na sua vida. Um outro estudo feito com todos os trabalhadores da Vistage, a maior organização de CEOs de todo o mundo teve também resultados interessantes. Dos 1,582 inquiridos, 43% são os irmãos mais velhos, 23% são os mais novos e 33% irmãos do meio.
Os irmãos do meio tendem a…
… preocupar-se mais com os outros
Um estudo psicológico feito com base na perspetiva evolutiva revela que os filhos do meio têm uma maior probabilidade de vir a demonstrar um comportamento pro-social, o que significa que são mais altruístas e estão mais dispostos a cometer riscos para ajudar os outros.
… rεlaçõεs mais felizes
Uma vez que sempre estiveram “fora da ribalta”, tendem a ser mais felizes do que os restantes irmãos com nas rεlaçõεs que partilham com outros. De acordo com Katrin Schumann, o autor do livro “O Poder Secreto dos Filhos do Meio”, os filhos do meio são tendencialmente mais felizes porque não sentem a pressão de serem perfeitos nem têm uma expectativa constante de atenção, como têm os mais novos.
Os irmãos mais novos tendem a…
… correr mais riscos
Os estudos revelam que os últimos filhos têm mais probabilidade de vir a participar em desportos mais perigosos e desafiantes – como Futebol ou Wrestling. E de ter sucesso na comédia. Ser o ultimo aq nascer significa crescer num mundo de crianças e não de adultos e a vontade de os impressionar fazendo-os rir costuma ser uma técnica muito usada pelos mais novos. Um miúdo que é bom no desporto e engraçado tenderá também a ser mais popular entre os amigos
… ser mais populares entre os amigos
Não, não é só por serem desportivos e engraçados. Os mais novos tendem a receber uma atenção extra dos outros irmãos e isso forma, em parte os seus cérebros. Assim tendem a ser os mais populares entre os amigos, os mais concordantes e os que têm mais capacidade de estabelecer rεlaçõεs de empatia. A exceção verifica-se se existir uma grande diferença de idades entre os irmãos.
Os filhos únicos tendem a…
… ser mais independentes
Como não estão habituados a ter irmãos a interromperem-lhes os raciocínios ou a ter outras pessoas a lutar pela atenção dos pais, tendem a ser mais donos de si. São geralmente pessoas menos envolvidas em atividades de grupo e têm uma menor probabilidade de virem a criar laços familiares enquanto adultos do que aqueles que têm irmãos.
… ser melhores alunos e melhores profissionais
Um estudo que combinou os resultados de 141 outros estudos, veio concluir que os filhos únicos se destacam no que toca a uma personalidade mais forte e, sobretudo, à vontade de atingir objetivos.
Tantos os filhos únicos como os mais velhos, tendem a destacar-se nos negócios e a atingir cargos de elevado sucesso porque estão preocupados em manter a sua posição central no trabalho, tal como mantêm entre os seus pais.
Os gémeos tendem a…
… ser menos independentes
Partilham uma proximidade extrema que tem a vantagem de criar entre os dois ou as duas laços emocionais sem paralelo e que lhes dá uma grande segurança mas faz deles pessoas mais dependentes. Também no que toca a rεlaçõεs amorosas tendem ser mais exigentes. Procuram alguém com quem consigam estabelecer um vínculo tão forte quanto aquele que já experienciaram com o irmão.
… ter percursos escolares e profissionais semelhantes
Aprendem geralmente no mesmo ambiente e, por isso, têm notas e conhecimentos semelhantes. Além disso, ser gémeo de alguém reduz a ambição. O sucesso de ambos é mais importante que o sucesso de um só. Tendem igualmente a ter carreiras profissionais parecidas ou complementares, em que possam trabalhar juntos. Preferem passar mais tempo juntos a construir algo enquanto empreendedores do que a competir. Seja como for, a ciência prova ainda que todos temos uma maior probabilidade de criar rεlaçõεs fortes com pessoas que tenham a mesma ordem de nascimento que nós.