O referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia poderá mudar as regras de contratação de futebolistas estrangeiros e deixar de fora jogadores de topo.
Uma ‘revolução’ nas regras vai barrar a entrada de jogadores talentosos como o avançado do Manchester United Anthony Martial e o médio do campeão inglês Leicester City N’Golo Kante.
Um dos critérios para o Ministério da Administração Interna aprovar o visto de trabalho que permita a contratação por um clube da Primeira Liga é um mínimo de número de jogos internacionais e ambos os franceses, tal como o compatriota Dimitri Payet, não preenchiam no ano passado essa condição.
Tal teria sido também o caso de Cristiano Ronaldo, que quando assinou pelo Manchester United em 2003, com apenas 18 anos, mal tinha começado a carreira pela seleção sénior das ‘quinas’, ou Therry Henry em 1999.
Atualmente, a liberdade de movimento dos trabalhadores no espaço europeu aplica-se ao desporto e qualquer profissional de um país da UE pode trabalhar sem necessidade de burocracias complicadas no Reino Unido, mas uma alteração das regras poderá afetar dezenas de equipas e futebolistas.
De acordo com uma análise feita pela BBC às equipas da primeira, segundas e terceiras divisões dos campeonatos inglês e escocês, 332 jogadores seriam afetados.
Mais de uma centena de clubes da Primeira Liga inglesa, com destaque para o Aston Villa, Newcastle United e Watford, que perderiam 11 dos seus jogadores.
Na segunda divisão inglesa, só 23 dos 180 jogadores europeus teriam argumentos para conseguir um visto de trabalho, o que poderia afetar equipas como a do Charlton Athletic, que assim poderia ficar sem 13 futebolistas.
No futebol escocês, a situação seria ainda mais grave, pois nenhum dos 162 jogadores europeus tem carreira internacional que justifique um visto de trabalho para estrangeiros.
As regras atuais são as seguintes: um jogador de um dos países entre os dez primeiros do ‘ranking’ mundial precisa de ter jogador 30% dos jogos competitivos da seleção nacional nos últimos dois anos e 45% para os países entre o 11.º e o 20.º lugares do ‘ranking’.
A percentagem continua a aumentar, para 60% para países nos 10 lugares seguintes e para 75% entre o 31º e o 50º lugares.
A maioria dos dirigentes dos clubes e o presidente executivo da Primeira Liga, Richard Scudamore, manifestaram-se publicamente pela permanência britânica na União Europeia.
Em declarações à BBC em março, a agente Rachel Anderson antecipou um maior investimento dos clubes britânicos nas próprias academias.
“O impacto a curto-prazo seria enorme, mas pode-se dizer que seria benéfico a longo-prazo porque forçaria os clubes a concentrar-se no talento interno”, afirmou.
Reação da federação inglesa
O presidente da Federação inglesa de futebol (FA), Greg Dyke, disse hoje que a decisão do Reino Unido de abandonar a União Europeia (UE) pode ter um “grande impacto” no futebol britânico,
“As consequências reais não se verão nos próximos dois anos, mas o ‘brexit’ poderá ter um grande impacto no futebol inglês”, disse Dyke, através de um comunicado.
O futebol britânico, através do presidente da Premier League, Richard Scudamore, e dos vinte clubes que a integram, pediram o voto pela permanência na UE, o que não impediu que chamado ‘brexit’ vencesse com cerca de mais um milhão de votos (17.410.472 contra 16.141.241) do que os partidários da permanência, que somaram 48,1 por cento dos votos contra 51,9 por cento do lado opositor.
“Seria uma pena que alguns dos grandes jogadores europeus deixassem de vir, mas não creio que isso vá acontecer. Reduzir o número de futebolistas da Europa no Reino Unido depende das condições que se estabeleçam na saída da UE”, disse o presidente da FA, ao mesmo tempo que aplaudiu o provável incremento do número de jogadores ingleses nos clubes do Reino Unido.
Fonte: jornalnoticias