O problema é que, às vezes, tu não queres acreditar nisso. Ninguém quer. Mas dói. E a prova é a tua admirável insistência em mudares as tuas atitudes de modo a confirmar se, caso fizesses algo diferente, o resultado seria diferente.
Sabes quando tu tentas uma coisa – sei lá, tipo tentar chamar a atenção de uma determinada forma ou puxar um determinado assunto e não dá certo e por isso tu começas a pensar em outra coisa.
Não dá certo. Pensas na próxima. Pensas em várias. Pensas muito. Fazes tudo, mas tudo o que tu fazes parece não mudar nada. Este és tu. Este somos nós. Todos somos assim.
Amor-próprio é algo tão bonito de se falar e ler em imagens na internet, não é? Mas praticar este amor é que é complicado. Um coração apaixonado não obedece a comandos do cérebro. E o tempo para que tudo se esclareça varia de pessoa para pessoa. Cada um tem o seu tempo.
Só que dá para perceber quando alguém não te quer.
E perceber isso é um atalho para evitar sofrer. Por mais que tu acredites no que sentes e sejas uma daquelas pessoas persistentes, reserva um tempo e algum ar fresco para avaliar o resultado das tuas atitudes.
Tenta perceber os sinais antes de começares a justificar os porquês. Tenta perceber a intensidade com que recebes as respostas, tenta perceber as reações depois das tuas palavras, tenta perceber se te estão ou não a despistar, tenta perceber o quanto tu estás (ou não) a remar numa canoa furada. Tenta perceber e tenta convencer-te. É preciso convencer-se de que os “haha” são reais. É preciso convencer-se de que o “hoje não vai dar” é só uma nova (velha) desculpa.
Dá para perceber quando alguém não te quer.
Mas dói.
Dói porque nós começamos a perguntar a nós próprios os porquês. Nós começamos a pensar se é a nossa aparência, se é o nosso estilo de vida, se é o nosso senso de humor, se é a nossa vida profissional, se é a casa onde moramos, a fase da vida, o tamanho dos sonhos ou a preferência pelo ketchup ao invés de mostarda. Nós começamos a questionar tudo. Quando tu percebes que alguém não te quer, vai doer. Vai doer mas vai passar.
E, a julgar pelo ciclo natural das coisas, quanto mais rápida é a dor, mais rápido nós chegamos ao amor. Todo o fim de uma dor é um recomeço para o amor.
Tenta perceber se esse alguém te quer. Avalia os teus esforços e os resultados. Permite a ti mesmo considerar que, se a pessoa demora muito a responder, talvez a tua conversa no Whatsapp desse alguém esteja lá embaixo, na parte das pessoas dispensáveis. Sempre que esse alguém te responder um “esta semana não vai dar, mas vamos combinar depois”, considera responder um “vamos sim, não me importo se for hoje!” noutra janela do chat. Considera que talvez tu queiras alguém que não te quer.
O sentimento que tu guardas é tão bonito quanto invencível.
Só que há gente que não gosta de aproveitar as oportunidades de ser feliz.
Ou simplesmente estão com a cabeça noutro lugar, longe demais para perceber que a felicidade lhes está a bater à porta.
Mas lembra-te: o fim de um sofrimento pode significar o começo de um amor, desta vez verdadeiro e recíproco.
Esquece o que já sentiste e lembra-te do que ainda irás sentir.