Foram pagos 10,8 milhões em salários aos oito administradores da Comissão Executiva.
O aumento do salário do presidente da EDP, António Mexia, está a causar indignação, nomeadamente entre deputados do PS. Com o incremento salarial proposto, o gestor pode ganhar até cerca de 6.800 euros por dia.
A Comissão de Vencimentos da EDP, liderada por Yang Ya, do grupo China Three Gorges (o maior accionista da empresa), propôs um aumento anual de 600 mil euros para o vencimento máximo de Mexia.
O presidente da EDP deverá assim, passar a ter um salário anual de 800 mil euros, ao invés dos 600 mil euros ganhos no ano passado.
No entanto, se os objectivos definidos para a empresa forem cumpridos, no final do ano, Mexia pode amealhar um total de 2,5 milhões de euros – uma média de 6.850 euros por dia –, o que constitui um aumento de 31% em relação à globalidade dos rendimentos que obteve em 2015, que se situaram nos 1,9 milhões, de acordo com o Jornal de Negócios.
A proposta de aumento salarial ainda vai ser votada na Assembleia-Geral de accionistas, no próximo dia 19 de Abril.
Entre as justificações para este incremento no ordenado, aponta-se a intenção de “alinhar a actual política com as praticadas no mercado” e o objectivo de “um maior alinhamento com o interesse dos accionistas“.
O caso está já a causar polémica, nomeadamente entre deputados do Bloco de Esquerda e do PS.
O socialista Tiago Barbosa Ribeiro fala em “imoralidade”, salientando que estão em causa a “decência” e as “desigualdades salariais”, conforme comentário escrito na sua página de Facebook.
“Vale a pena lembrar que o milionário Mexia queria pôr os contribuintes a pagar o alargamento da tarifa social de electricidade que, entre outras coisas, pagariam parte do seu salário”, escreve ainda o deputado do PS.
A bloquista Mariana Mortágua, também no seu perfil do Facebook, releva por seu lado que houve “tanta indignação porque o salário mínimo vai aumentar 25 euros, para 6.360 euros ao ano” e que agora há “tão pouca indignação por isso ser o mesmo que Mexia ganha num dia (à custa das contas de electricidade pagas por quem trabalha com o salário mínimo)”.
A Comissão de Vencimentos da EDP também propõe o aumento dos salários do director-financeiro Nuno Alves e do presidente executivo da EDP Renováveis, João Manso Neto, dos 480 mil euros anuais para os 560 mil euros cada um.