O motivo porque o Príncipe William se baixa sempre que fala com o filho?
Os movimentos dos membros da família real inglesa não escapam à imprensa britânica. Recentemente, o facto de o Príncipe William estar de cócoras na maior parte das fotografias tiradas enquanto conversa com o filho, Príncipe George, deram que falar.
Já aconteceu no batizado da sua filha mais nova, Princesa Charlotte, num jogo de polo de beneficência, durante a visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Palácio de Kensington, onde o próprio Obama também desceu ao nível da criança.
Em Julho, nas celebrações dos 90 anos da sua avó, Rainha Isabel II, William chegou mesmo a quebrar o protocolo, quando à varanda do Palácio de Buckingham, em Londres, enquanto todos assistiam a um desfile aéreo das Forças Armadas britânicas, William agachou-se para explicar algo a George e a monarca lhe disse, de imediato, e com cara de poucos amigos: “Levanta-te William”.
O que o príncipe está a fazer é aplicar o método “escuta ativa”: implica que o adulto se coloque sempre à altura da criança, o que evita uma posição de superioridade, e permite olhá-la nos olhos. “Mais do que escuta ativa, chamar-lhe-ia respeito”, diz o pediatra Mário Cordeiro. “Olhos nos olhos, que é mais difícil, é mais leal, mais respeitoso e sincero. Não dizemos nós às crianças para olharem para a face de quem está a falar com elas? Por outro lado, temos mais tendência a ouvir o que nos estão a dizer”, acrescenta.
“Esta é uma das técnicas de comunicação que pressupõe, por um lado, a criança sentir que estamos atentos e estar ao mesmo nível cria menos distância”, explica Hugo Rodrigues que até nas próprias consultas de pediatria usa este método. “As crianças fisicamente estão sempre em inferioridade, se nós quisermos quebrar esta barreira, o colocarmo-nos à altura delas ajuda a ter uma comunicação mais eficaz.”
Os psicólogos americanos Carl Rogers e Richard E. Farson, em 1957, foram os primeiros a referir este método. Mesmo sem existir um limite de idade, o seu uso é recomendável até as crianças terem capacidade de pensamento abstrato, o que acontece por volta dos seis anos. A criança quando é ouvida, na opinião de Mário Cordeiro “sente-se respeitada e, sobretudo, que há justiça e que os pais ‘são capazes de ter razão’, pelo que se pautará por valores e os seus comportamentos tenderão a ser mais assertivos”. Uma criança educada desta forma será um adulto “mais confiante, mais tolerante e mais promotor do diálogo”, defende Hugo Rodrigues.
Para Mário Cordeiro será “tendencialmente mais assertivo, mais respeitador, interrompendo menos, sabendo ouvir e escutar. Diz-se que ‘quando um burro fala, o outro baixa as orelhas’. Errado. Quando um burro fala, o outro levanta as orelhas para escutar… mas é preciso que o burro que zurra, zurre com jeito e respeito.”
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