Portugal e Espanha: Comparação de salários, rendimentos e preços! INACREDITÁVEL

O trabalhador espanhol ganha mais do que o português, tem uma carga fiscal média mais baixa e paga menos contribuições para a Segurança Social.

Resultado: os espanhóis ficam, em média, com mais 580,44€ do que um português para se governarem durante o mês – e ainda gastam menos dinheiro a adquirir os produtos essenciais para viver. Não admira que a sua Economia seja mais pujante do que a portuguesa e que os espanhóis tenham um melhor nível de vida líquido do que o nosso.
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Muito se tem falado sobre a questão comparativa da produtividade e do desempenho das economias dos vários países, tentando sempre encontrar defeitos em Portugal e qualidades no estrangeiro.

Por outro lado, muitas comparações são feitas entre Portugal e outros países, pecando as mesmas, normalmente e salvo raras excepções, por serem parcelares e apenas referidas a um ou dois indicadores.

Cabe-me tentar ir um pouco mais longe e verificar se as análises parcelares que têm sido feitas pelos diversos partidos políticos são isentas, ou se, pelo contrário, são tendenciosas e variam consoante estão no Governo ou na Oposição.

O salário médio bruto nos 28 países da União Europeia (incluindo, portanto, os países do Leste europeu) é de 1.995 euros por mês, sendo em Portugal de apenas 986 €.

Em termos do “ranking”, Portugal ocupa a 18ª posição, no cômputo dos 28 Estados que integram a União Europeia. Mas se consideramos apenas os países da Europa Ocidental, com quem todos gostam muito de se comparar, então Portugal é o país em que se verifica o salário médio bruto mais baixo.

Assim, como se pode verificar no quadro 1, os países onde o salário médio é mais alto do que em Portugal são os seguintes, com a Dinamarca ocupando o 1º lugar:

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Os países com salários mais baixos são 10, todos eles da Europa de Leste, sendo que o país onde se paga o salário médio mais baixo é a Bulgária.

Caso para dizer que a nossa falta eventual de competitividade, enquanto País, não está nos salários mas sim noutros factores de gestão, tais como a Organização e o Planeamento.

Uma clarificação para referir que por salário médio bruto entende-se o salário antes dos descontos para a Segurança Social, para o IRS e quotizações. Assim, Portugal tem o salário médio bruto mais baixo da Europa Ocidental.

Mas façamos agora uma comparação, em matéria de rendimentos e de carga fiscal, apenas entre os dois países que ocupam o território conhecido como Península Ibérica: Portugal e Espanha.

Em matéria da carga fiscal média sobre o trabalho, verifica-se que em Espanha esta é de 15,1%, sendo a contribuição média para a Segurança Social de 6,4%.

Em Portugal, a carga fiscal média sobre o trabalho é de 17,3%, sendo a contribuição para a Segurança Social de 11% por trabalhador.

No conjunto dos países da OCDE, verifica-se uma carga fiscal média de 15,7% e uma contribuição para a segurança social média de 9,8%, conforme o descrito no quadro 2.

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As contas a fazer, a partir daqui, são de uma simplicidade mediana. Assim, o resultado destes dois primeiros quadros, e elementos neles contidos, permite-nos perceber o que fica disponível para cada cidadão de Espanha e de Portugal, para poder poupar, ou para consumir (comprar o que quiser), numa palavra – para poder viver, como é seu inalienável direito.

Vejamos:

Espanha: Salário médio bruto – 1.640 €. Subtraindo os impostos e taxas a que estão sujeitos, no valor médio de 21,5% (ou seja, 352,6 €), dá como resultado que os cidadãos que trabalham em Espanha ficam com 1.287,4€, em média, por mês, para poderem consumir ou poupar, ou seja para viver.

Portugal: Salário médio bruto – 986€. Subtraindo os impostos e taxas a que estamos sujeitos, no valor médio de 28,3% (ou seja, 279,04€), dá como resultado que os cidadãos que trabalham em Portugal ficam com apenas 706,96€ para poderem consumir ou poupar, ou seja para viver.

A diferença é também ela de simples aritmética e dá os seguintes resultados: os espanhóis ficam, em média, com 1.287,4€ líquidos, para viver; os portugueses ficam, em média, com 706,96€ líquidos, para viver.

Logo, os espanhóis têm mais 580,44€ por mês, em média, para gastar do que os portugueses. A Economia espanhola agradece e os espanhóis também.

Mas poder-se-ia dizer, ou invocar, que o nível de vida em Espanha é mais caro do que em Portugal. Isto é, apesar de ficarem com mais dinheiro, o custo dos bens essenciais para viverem seria mais caro do que no nosso País.

Ora o que os números reais dizem não é nada disso, como se poderá verificar a seguir, fazendo a comparação entre Portugal e a Espanha em matéria de preços dos bens essenciais para viver.

Na habitação, tomemos como exemplo o valor de uma renda de casa em Madrid e em Lisboa. No Bairro Salamanca, de Madrid, um T3 varia entre os 970 e os 1.600€ de renda por mês, variando em Lisboa, em zona que se pode considerar similar, entre os 950 e os 1.500 euros. Ou seja, praticamente o mesmo custo de renda nas duas cidades.

Já no que se refere a preços dos bens essenciais de alimentação, praticados nos supermercados, encontramos em Espanha os seguintes, expressos no quadro 3 (de propósito deixo os nomes, que figuram na base de dados, na língua original, traduzindo apenas os menos fáceis de decifrar em leitura rápida):

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Como se pode verificar, os preços dos bens essenciais de Espanha, em bens básicos de alimentação e bebidas, são quase iguais ou são mesmo inferiores aos encontrados, para os mesmos produtos, nos supermercados do nosso País, como qualquer dona de casa sabe, pela simples leitura deste quadro. Nos detergentes e similares, são iguais.

Quanto à rubrica de transportes, o preço em Espanha para a Gasolina 95 é de 1,21€ por litro. Já o passe mensal de transporte público, em Madrid, cifra-se nos 45,00€. Em Portugal, o preço da gasolina 95 anda em redor dos 1,48€ por litro e o passe mensal de transportes vai dos 35 aos 75 euros consoante a modalidade, como é sabido.

Já no que se refere a taxas de juro praticadas para empréstimos para a compra de casa, ou para pagamentos de hipotecas, a taxa praticada em Espanha é de 2,73 % ao ano.

Em conclusão: os espanhóis têm uma carga fiscal média mais baixa que os portugueses, contribuições para a Segurança Social igualmente mais baixas, pagam pelos produtos essenciais para viver uma soma quase igual ou mesmo inferior à despendida pelos consumidores portugueses, mas o seu salário médio bruto mensal é bastante superior, sendo em Espanha de 1.640€ por mês e em Portugal de apenas 986€ por mês, ou seja, uma diferença a favor dos cidadãos espanhóis de mais 654 euros de rendimento bruto (em média) por mês.

Já no que se refere ao dinheiro com que um cidadão espanhol fica para viver (depois de pagar os impostos), é de mais 580,44€ por mês (em média) do que um português.

Ou seja, os espanhóis, ganhando mais, suportam menos carga fiscal e pagam igual ou menos dinheiro, pelos bens essenciais, do que os Portugueses, o que lhes deixa um Salário Médio Líquido (depois dos descontos efectuados) bastante superior.

Não admira que a Economia espanhola seja mais pujante do que a portuguesa e não admira, em conclusão final, que os espanhóis tenham um melhor nível de vida líquido do que os portugueses.

Donde o problema da nossa baixa produtividade não vem dos salários praticados em Portugal.

É preciso encontrar a razão desse fenómeno em vários outros factores, tais como a deficiente gestão da maioria das nossas empresas, nomeadamente em matéria de organização e planeamento, bem como na constatação de que nos tornámos numa economia que produz produtos e serviços de baixo valor acrescentado por falta de investimentos sérios e continuados em Investigação e Desenvolvimento.

Neste quadro geral, encontram-se felizmente algumas (poucas, infelizmente) excepções em empresas que são bem geridas, cujos gestores têm a noção de que o seu principal activo são as pessoas e de que, como tal, estas têm que ser formadas em contínuo, têm que ser motivadas e remuneradas em consonância com os seus méritos e capacidades, para que rendam cada vez mais e se sintam bem nas empresas em que trabalham.

Uma pessoa que passe grandes dificuldades para viver o seu dia-a-dia e alimentar a sua família, só por sorte (ou grande auto-motivação) vai trabalhar todos os dias de espírito liberto, de forma a ser mais produtiva.

E nesta situação, lamento dizê-lo, não há inocentes. Dirigentes políticos, empresários ou dirigentes de empresas têm igual responsabilidade nesta matéria.

Enquanto estes três grupos não mudarem a sua mentalidade, a Economia portuguesa dificilmente será florescente e saudável, com bons resultados para Portugal.

Vai sendo tempo de atentarmos nestas realidades e não embarcarmos nas meias verdades, ou mesmo mentiras descaradas, que nos têm sido vendidas por diversas formas comunicacionais.

Fonte: jornaldiabo
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