Se tiveres ideias de um fim de semana ou férias no Gerês, tem CUIDADO e não te percas, pois poderás ter de pagar o resgate.
Municípios, Proteção Civil e GNR estão a preparar um pacote de medidas para prevenir os casos de resgate no Parque Peneda-Gerês, que passam pelo reforço da sinalização, da rede de telemóvel e até pelo pagamento dos custos.
Entre janeiro e fevereiro, ocorreram duas situações em que foi necessário mobilizar bombeiros e militares da GNR para socorrer grupos de caminheiros que sentiram dificuldades no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Nos dois casos estava mau tempo, chuva intensa e frio.
Estas situações levaram David Teixeira, vice-presidente da Câmara de Montalegre, no distrito de Vila Real, a convocar uma reunião que juntou à mesma mesa representantes do município de Terras de Bouro, elementos da Proteção Civil, bombeiros, INEM e ainda militares do Grupo de Intervenção Proteção e Socorro (GIPS) da GNR.
“Ficou claro para toda a gente que é preciso fazer um plano de coordenação das ações de socorro no parque nacional”, afirmou hoje à agência Lusa David Teixeira.
A ideia é minorar riscos e proteger quem trabalha, no socorro a quem necessita. David Teixeira lembrou que “a maioria dos incidentes é pura inconsciência dos praticantes”.
O autarca referiu que foi distribuído “um conjunto de tarefas pelas várias entidades para que na próxima reunião, que irá realizar-se dentro de um mês e com mais intervenientes, já haja trabalho feito”.
David Teixeira salientou que o pacote de medidas, que está em preparação e que se quer implementar “rapidamente”, contempla iniciativas como o pagamento do resgate por parte de quem pede o socorro.
“Sim, vai acontecer. Tudo o que seja resgate por inconsciência será atribuído o custo do resgate a quem o pede”, frisou.
O autarca referiu que o Parque da Peneda-Gerês deve criar uma plataforma digital que permita que os visitantes “se registem e informem onde estão e para onde vão”.
“As câmaras irão fazer um projeto de melhoramento das redes para telemóveis para dentro da área do parque e também fazer a sinalização dos abrigos com números, nomes e coordenadas, e ficou decidido que o GIPS irá ver o enquadramento legal para quem anda fora da área que é permitida também ser multado e ser mais célere o processo”, acrescentou.
Neste parque nacional existem áreas de reserva integral, onde a visitação é proibida ou limitada.
No entanto, segundo David Teixeira, no terreno estas áreas não assinaladas. “Lá no terreno não há nenhuma placa que diga que a partir daqui é reserva integral, só há no plano de ordenamento do parque esse zonamento e que pouca gente conhece”, sustentou.
Na opinião do autarca, são várias as razões que têm estado na origem dos casos de necessidade de resgate, nomeadamente o facto de em Portugal não ser usual recorrer a empresas de guias para que se faça a visitação em locais com mais riscos.
Depois, o responsável criticou ainda o parque dizendo que “não faz gestão nenhuma” deste território, salientou a inexistência de uma plataforma de registo ou de informação que informe a proteção civil de onde é que as pessoas andam e sublinhou a falta de cuidado de alguns visitantes.
“Para o próximo fim de semana há previsões de mau tempo e neve. Só um inconsciente é que vai meter pessoas com idade, pessoas que nunca foram à serra, miúdos, pessoas mal equipadas num território daqueles”, frisou.
O autarca lamentou ainda que o parque não aceite criar corredores de emergência, ou seja acessos que estariam vedados exceto quando ocorrerem situações em que seja necessária a passagem dos meios para um socorro mais rápido e seguro.
David Teixeira lembrou que a área do parque se estende por cinco municípios de três distrito e, por isso mesmo, defendeu que é preciso criar um documento, um plano, “que esclareça como é que as operações de socorro se desenvolvem”.
Fonte: jornalnoticias